O nome Ilê Oba L´Okê surgiu em 2011 quando conversávamos sobre uma denominação para a Casa. Fizemos uma pesquisa e, naquela ocasião, não havia nenhum Terreiro com este nome. Hoje, algumas pessoas já adotaram a designação. Oba L´Okê é um dos títulos de Oxalá que significa “Rei e Senhor das Alturas”. É uma de suas invocações que desapareceram entre nós, por isso colocamos, porque queríamos resgatar aqueles elementos de origem africana que, no processo de consolidação das religiões afro-brasileiras, ficaram à margem, ou não puderam fazer parte deste processo. Aí, eu sugeri Oba L´Okê. Vilson ficou até meio assim, mas, no final, concordou. Já pelo nome, a gente deixava implícita qual era a proposta de nossa Casa, a começar por esta recuperação. E foi bom. Acertamos. A partir daí, as demais pessoas passaram a referir-se a Oxalá como o “Rei e Senhor das Alturas”. Na nossa Casa, especificamente, este é um nome que chamamos Oguiã. E esta forma de designar o rei de Ejibô foi relembrada pela Princesa Adedoyn Talabi, que, ao nos visitar, ensinou um oriki em forma de cantiga que fala de Oxoguiã como um leopardo que alcança lugares bem altos.
Eu, aos poucos, fui me ocupando com a arte, sempre escutando o que os Orixás me diziam e deixando-me ser conduzido para onde Oxum me levava. Fizemos a Casa de Exu, tiramos Exu do tempo. Em seguida, construímos a Casa de Odé, onde moram Ogum e Oyá.
Sempre se fazia um caruru para Iansã em dezembro, arriava-se a comida e rezava, mas teve um ano em que a Iansã de Mãe Valdelice, irmã consanguínea de Mãe Dete de Obaluaiyê, não se contentou em ficar sentada e dançou um Ilu no jardim sobre a grama. Naquele tempo, já fazíamos algumas coisas na varanda, mas Oyá estava mostrando o lugar onde os Orixás queriam dançar. Ela pedia um barracão. Embora o espaço já estivesse programado para a construção de uma piscina, o desejo de Orixá é uma ordem, e assim foi feito.
O Obá L´Okê foi idealizado para ser um espaço aberto a todos e todas. O seu objetivo é levar as pessoas a fazer uma experiência com o Sagrado através da arte, uma arte negra, uma arte afro-brasileira inspirada em elementos civilizatórios negro-africanos. Já houve quem se referisse a Casa como um museu, mas ele pretende ser mais do que um museu do ontem e do amanhã, pois, além de um lugar de memória e fortalecimento de nossas histórias, a Casa do Rei e Senhor das Alturas é um espaço de encontro com a nossa ancestralidade hoje, através dos Orixás. Um presente, esse encontro com o passado e o futuro do nosso povo.